Aos trinta as exigências aumentam, a capacidade de dar resposta à
elas, às vezes, também.
O corpo da sinais, a maioria não é bom.
Começamos a entender que emagrecer um tanto é bem mais difícil do que
antes, o desafio passa a ser engordar pouco e de forma menos letal, isto
é, comendo melhor.
Varrer toda a casa rápido, como fazíamos quando a mãe cobrava uma
ajuda mensal, produz efeitos mais duradouros.
Efeitos parecidos com os
de ficar vinte minutos lavando louça depois que seus sete amigos foram
embora e você disse: "não precisa, deixa isso aí".
O lugar do efeito? As costas, cuja musculatura pouco se usa, e quando
se usa se faz errado, sem flexionar as pernas. Aos trinta começamos a
dar valor aos puffs da sala, ao carrinho no supermercado e ao tênis com
amortecedor.
Nessa idade já se esta maduro para dizer coisas com mais confiança,
mas inexperiente para colocá-las em prática. Aos trinta trocamos a
quantidade pela qualidade.
Quando se fala em bebida, por exemplo, uma ou
duas boas cervejas ficam mais interessantes que as dez das mais baratas
de antes. O vinho de uma boa safra e uva toma lugar do Delgrano ou
Sangue de boi.
Uns chegam aos trinta antes de ter trinta, outros já passaram dos
trinta e não estão nem perto dos trinta.
Sendo caseiro ou não, a sua
casa ganha relevância depois dos trinta, ela vira refúgio, ninho e
fortaleza. O lar, cada vez mais, é para onde você quer ir ou voltar, e
não o lugar que se quer deixar.
Pedir ajuda fica mais difícil aos trinta, receber ainda mais.
Você
passa a ter que dar respostas para perguntas que ainda não foram feitas
pela vida, mas pela sua ansiedade ou expectativa.
Chegar aos trinta pode ser uma carta de alforria para os resmungões, as reclamações ganham status etário.
Por outro lado, completar três décadas pode ser boa chance para
reflexões quase vãs como essa, ou, também, pode ser apenas mais um
aniversário.